A Ferradura do Mogi

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Com as facilidades de acesso oferecidas de transporte ferroviário até Rio Grande da Serra e pela sua charmosa influencia inglesa, a vila de Paranapiacaba se tornou passeio obrigatório de final de semana pra famílias paulistanas. Envolta por exuberante Serra do Mar, o pacato vilarejo oferece passeios por suas inúmeras trilhas sendo boa parte delas situada dentro do parque municipal, cujas restrições de acesso e obrigatoriedade de guia/monitor obrigam àqueles q dispensam tal artifício a ir atrás de novas opções de passeios pela região. E eles existem aos montes. Como a &ldquo,Ferradura do Mogi&ldquo,, pernada com lances de escalaminhada q num piscar de olhos desce o Rio Mogi desde suas nascentes ate a Prainha, já no miolo do vale homônimo, pra depois retornar ao vilarejo subindo os quase 700m de desnível da tradicional picada &ldquo,Raiz da Serra&ldquo, . Programa árduo e intenso q pode ser feito num dia corrido ou folgadamente em dois, bivacando no mato.


Descer rios é uma aventura q por si só já vale e apena. Além de “trilha” natural inconfundível e permitir visual privilegiado dos vales cavados pelo rio serra abaixo, nos impõe inúmeros desafios na forma de tomada de decisões constantes ao buscar soluções pra contornar os obstáculos q surgem pelo trajeto: como qual local menos íngreme e liso a descer, ou por qual encosta desviar de um cânion ou mega-poço q aparece no caminho, pra dali dar seqüência à caminhada Esse desafio auto-imposto é algo q o conforto e segurança q as trilhas prontas já dispensa. E com falsa modéstia, eu também.

Sendo assim estava disposto a tornar a descer o Rio Mogi desde suas nascentes porem desta vez não ate o final, já na Piaçangüera, mas ate um pouco antes, isto é, na tradicional Prainha. E dali sim retornar à vila por uma picada desde q o tempo assim permitisse, sem atentar aos prazos de horários de visitação q o parque municipal da vila oferece. Em miúdos, ir desencanado de tudo e todos. Um trajeto em forma de “U” ou ferradura. Pronto, tava traçado o roteiro. So faltavam integrantes.

Sendo assim estendi o convite somente à pessoas q julgasse capacitadas tanto física como mentalmente e dispostas a qq espécie de perrengue q por ventura surgisse, o q filtra bastante o leque de opções separando o jóio do trigo de forma bem eficaz. Já passei dor-de-cabeça suficiente (e desnecessária) pra me calçar bem neste aspecto.

Descer rios não requer apenas um bom calçado aderente à rocha úmida. Requer tb atenção constante, pois qq escorregão feio implica em torção ou fratura, seja de um braço como do pescoço, como tb exige minimamente noções de escalada, já q alguns obstáculos só são transpostos com algum sangue frio, agarrando-se em fissuras minimas na rocha exposta e molhada pra ganhar o patamar sgte, metros abaixo. Ah, e o item principal: demanda tb total desapego a qq espécie de conforto, pois numa trip dessas tudo pode acontecer. Mas não é qq um q ta preparado pra isso, claro! Já vi gente chorando feito criança, gritando em total descontrole e criando mais problemas q soluções na hora q algum imprevisto ocorre. E pior, te responsabilizando qdo dá alguma merda como se estivesse numa “agência”, com ameaça de processo até. Disso decididamente quero distancia! Descer rio pra mim tem q ser prazeroso e não mais um estresse, pois destes já bastam os do dia-a-dia.

Bem, as delongas e todo esse blábláblá acima é pra resumir q no final das contas a única boa alma q topou me acompanhar foi a pau-pra-td-obra Lucilene, q já havia mostrado seu valor e veia pró-ativa-perrengueira (com acréscimos até)&nbsp, na conquista do Mariana, semanas atrás. Os furões de ultima hora sequer contam, se bem q o tempo tb não colaborava em nada uma vez q a previsão praquele final de semana cunhava o sábado de nebulosidade com pancadas e um domingo chuvoso permanentemente. Mas como pra trekkeiro q se preze não tem tempo ruim, às 9hrs eu e a Lu saltávamos do latão diante do cemitério de Paranapiacaba, tomando rumo o famoso Mirante do Mogi, situado a exatos 850m de altitude. O visual descortinado apenas corroborava a previsão meteorológica: o Vale do Mogi ate Cubatao estava td tomado por densas brumas, nos privando de seu famosa panorâmica clicada à exaustão noutras ocasiões.

Envoltos no tradicional nevoeiro da vila inglesa mergulhamos na mata através da tradicional picada “Raiz da Serra”, chapinhando cuidadosamente charcos e brejos resultantes da abundante chuva dos últimos dias. O ritmo de caminhada era ágil e bem antes da primeira torre deixamos a picada principal em favor da primeira piramba aberta q surgiu à nossa esquerda, fruto evidente da erosão provocada por algum córrego despencando serra abaixo. Era aqui q a aventura realmente começava.

O q se seguiu foi uma sequencia de desescalaminhadas íngremes q foi vencida se segurando firmemente tanto nas fissuras e apoios dos paredões rochosos q surgiam como na mata ou nas raízes firmes ao redor. Imediatamente perdemos altitude através da sequencia de blocos rochosos do desbarrancado, ora chapinhando pelo pequeno córrego q por ele tb circulava ora pelas pedras q ornavam o pequeno leito resultante. Eventualmente desviávamos pela mata afim de evitar pirambas verticais, cachus maiores, enormes arvores tombadas ou trechos onde uma simples escalaminhada não desse conta. Ate q finalmente a declividade suavizou, mas onde houve necessidade de varar-mato em virtude da vegetação bloqueando o caminho. A direção era obvia, sempre pra baixo acompanhando o pequeno córrego ou nos guiando pelo som do rio cada vez mais alto.

Nesse ritmo desembocamos nas nascentes do Rio Mogi às 9:50, aparentemente na cota dos 650m de altitude. Aqui o rio não passa de um córrego cavando as pedras em meio a um vale estreito e fechado, cercado de muita mata ao redor e nenhum visu! Este trecho inicial foi relativamente fácil de transitar, bastando apenas saltar de pedra em pedra afim de acompanha-lo marulhando serra baixo, entre pequenas cachus e poços, sem gdes desníveis ou recortes abruptos como no Vale da Morte. O destaque deste trecho na margem esquerda foi tanto uma gde área de acampamento como uma enorme muralha de contenção q mais parecia saída de um templo inca, detalhes q não havia reparado nas ocasiões anteriores q por aqui passara. Fora isso, os incontáveis poços e pequenas cachus q fariam a cabeça de qq um num dia quente de verão foram algo recorrente durante td jornada.

A nevoa q pairava no ar tornava a paisagem – composta de um curso dágua abraçado por rochas enormes em meio a densa vegetação – ainda mais impressionante, conferindo-lhe um quê de místico. E lá fomos descendo o rio sempre no mesmo compasso, alternando as margens conforme as pedras permitiam acesso aos níveis mais baixos sem maiores dificuldades, e sempre usando tanto pés como mãos já q a maior parte do trajeto era composto por rochas e pedras besuntadas de limo verde e visguento, q as deixava lisas feito sabão! Eventualmente surgia um obstáculo q precisava ser contornado através da encosta íngreme, varando mato, pra dali retomar o leito pedregoso do rio mais embaixo.

Por volta das 11:30 encontramos boas áreas de acampamento em clareiras isoladas na encosta direita, q aqui mostrou-se bem íngreme, tornando o rio furiosamente encachoeirado com o aumento brusco de declividade. A nebulosidade dera uma breve trégua permitindo algo de visual vale abaixo e foi numa das clareiras q fizemos um breve pit-stop pra descanso, com direito a uns sandubas sarados e nacos de doce-de-leite regados a uma pinga artesanal mineira. O som da oportuna parada pro lanche não podia ser mais apropriado, com o marulhar do rio despencando serra abaixo sendo rompido pelo cantarolar dos pássaros ou pelos apitos do trem, nalgum lugar acima da encosta esquerda.

Continuamos a pernada antes q a pinga surtisse efeito e prejudicasse nossa performance, justamente agora onde nossos dotes simiescos eram cada vez mais freqüentes. Qdo não íamos por uma discreta picada q surgia pela encosta esquerda o jeito era perder altitude através das pedras desmoronadas na desescalaminhada, na base do escorrega ou com ajuda providencial do companheiro pra ganhar o degrau sgte. Dessa forma a pernada prosseguiu sem maiores intercedências, alternando uma margem ou outra do rio ao mesmo tempo em q pequenas pererecas saltavam assustadas abrindo caminho diante nossa presença.

Na cota dos 500m passamos por um gigantesco desbarrancado à nossa esquerda, mas a descida de rio prosseguiu sempre no mesmo compasso, serra abaixo. O desnível no geral foi bem alto neste percurso, onde as vezes o terreno parecia nivelar mas logo depois voltava a ganhar declividade novamente. No caminho, vestígios do passado ferroviário de Paranapiacaba surgem como enormes trilhos enferrujados, restos de tubulações, cabos de aço e antigas pontes pontilham aqui e ali às margens do rio, parcialmente soterrados tanto pelo tempo como pelas enormes pedras besuntadas de limo.

Às 13hrs passamos pelo mega-desbarrancado por onde corre o fiapo dágua q caracteriza o Vale da Grota Funda, q por sua vez é divisa natural dos municípios de Sto André e Cubatão, já na cota dos 400m. Entretanto, um espesso e denso nevoeiro impediu a visualização das famosas pontes da “3ª Máquina”, tanto da Cremalheira como do Funicular. Passamos batido e damos continuidade á descida de rio, q ate aqui se mantem no mesmo compasso. Mas a declividade parece aumentar assim como o tamanho das pedras a desescalaminhar, q mais parecem gigantescas bolas de bilhar esparramadas serra abaixo, reluzindo em meio ao espesso nevoeiro.

Um tempo despois o terreno fica mais acidentado, e o vale se afunila numa sequencia de cachus, paredões e poções enormes, ou seja, um imponente cânion rochoso de vários degraus, demandando desvio de trajeto atraves da encosta de mato! Entao damos inicio ao nosso desvio desta grota pelo mato, escalando a íngreme e espinhenta piramba rochosa ate dar em sua crista, q não passava de um gigantesco desmoronamento de rochas coberto de vegetação rasteira, bambus e capim. Não havia muito mato, mas a dificuldade de andar aqui era a de q podíamos pisar inadvertidamente numa greta escondido. Como tb não havia jeito de descer ao rio, q estava à nossa esquerda, fomos quebrando p/ direita onde o chão parecia + firme e seguro no meio a densa mata. Contornado o cânion, buscamos novo acesso ao rio ate encontra-lo novamente, agora na cota dos 210m de altitude.

A partir daqui o rio aparentou amansar, o vale se abriu permitindo um visu mais amplo, garantido pela melhora do tempo e com a debandada da espessa bruma. E la fomos nos descendo em meio aquele interminável leito pedregoso agora com declividade imperceptível, quase plana, apenas seguindo o curso das águas. As largas corredeiras do caminho tb ofereciam belos e bucólicos remansos com muitos poços esverdeados e pequenas e convidativas cachus. Noutras palavras, o nível da pernada abrandara e os lances de escalaminhada haviam sido deixados pra trás. De agora em diante era apenas andar pelo leito, ora de um lado, ora do outro ou pelo meio do rio mesmo, c/ água ate as canelas, s/ maiores dificuldades. Eventualmente havia q desviar algum degrau maior barrado por uma cachu ou poção, mas o desvio era simples.

Mas não tardou pro rio se ramificar em vários braços, onde tivemos q seguir um deles com algum mato invadindo o rio, nos obrigando a agachar em vários trechos sendo q já estávamos dentro da água! Mas logo caiamos outra vez no rio principal, após seus demais braços se somarem atrás. Aqui o vale já era bem mais amplo e largo, permitindo visu das montanhas q ainda faltava contornar e das torres de alta tensão q desciam do alto p/ se perderem em meio ao nevoeiro q ocultava apenas a cumeada da serra.

Passamos por varias praias fluviais, ilhas cobertas de rochas e voçorocas de enormes lírios-do-brejo onde nos segurávamos (alem das rochas) ao bordejar os poucos trechos + fundos ou escorregadios q demandassem uma breve escalaminhada. E tomando cuidado p/ não pisar em minúsculas pererecas q saltavam diante nossa presença. Mas no geral, o pior do rio já havia ficado p/ trás. Nosso avanço era mais rápido e agil, e assim fomos serpenteando o vale qdo começou a garoar de leve novamente.

Após uma caminhada q pareceu interminável, eis q as 16:45 alcancamos finalmente nosso destino, a tão almejada Prainha do Mogi, por volta da cota dos 100m de altitude. Daqui ate a Pedra do Pulo, Rio da Onça e finalmente Cubatão era um piscar de olhos, algo de mais duas horas. Mas nosso destino era decididamente a Prainha e foi ali onde descansamos, demos mais um tchibum nas águas esverdeadas do Mogi afim de remover td sujeira impregnada na gente do limo das rochas. E claro, fizemos mais uma boquinha. Mas o relax não poderia se esticar demais em virtude do horário avançado. Havia ainda de vencer o desnível de quase 700m q nos separava da vila de Paranapiacaba, desnível este q pela tradicional picada Raiz da Serra deveria demorar pouco mais de duas horas. E logo escureceria.

Pois bem, não deu então nem 17hrs e tomamos a dita picada apertando o passo serra acima, enxugando a mata úmida á nossa volta. Na dianteira por já conhecer o caminho de tantas outras ocasiões, minha única preocupação era se a noite nos surpreendesse na trilha, já q não sou fã de andar à noite devido a vários fatores: cansaço acumulado, desatenção, risco de acidente e não curtição do visual. E outra, alias um erro crasso, estávamos sem lanterna! Sendo assim apertamos mesmo o passo, cruzamos os 4 riachos do caminho e embicamos finalmente montanha acima, onde reparei q a Lu ficou um pouco atrás, não acompanhando meu ritmo e o q nos atrasou um pouquinho. Ainda assim, nosso ritmo era bem superior caso tivéssemos vindo com mais gente.

A subida apertou, o passo diminuiu, a chuva tornou a cair e a luminosidade foi aos poucos indo embora. Noutras, meu maior temor ganhava forma. Após cruzarmos a 3ª torre de alta tensão já não enxergávamos um palmo à nossa frente, o q nos obrigou a usar a precária luz dos celulares, primeiro o da Lu, q não demorou a bater as botas devido á umidade, e depois o meu, q já tava com a bateria nos finalmentes. Logico q mesmo assim íamos tateando a trilha a passo de lesma-com-preguica, q a esta altura alternava-se entre uma enorme vala erodida por onde corria literalmente um rio. Enfim, havíamos subestimado o tempo de subida.

Pois bem, nesse ritmo vagaroso em meio a total breu envoltos pela mata e chuva fria, não tardou à desatenção nos pregar uma peça. Avancando naquele compasso de tartaruga-manca logo começamos a chapinhar na lama, e a então larga trilha logo sumiu e nos vimos no meio da mata. Opa, alguma coisa errada, perdemos o caminho nalgum canto!!! A precária luz do celular tb não ajudava muito, pois o bréu q nos envolvia era total e discernir os pequenos detalhes e nuances q caracterizam a trilha é algo q requer luminosidade natural. Ou uma lanterna de fato, algo q não dispúnhamos! A Lu queria buscar a trilha e dar continuidade à pernada, mas eu fui reticente de q logo a bateria do celular iria pro saco e o risco de ficarmos no meio do nada, no escuro, na chuva, no mato e no charco era real! Foi ai q, democraticamente, impus minha vontade decidindo q o melhor era retrocedermos um pouco e acampar no meio da trilha, de preferência num trecho menos enlameado e mais plano. E no dia sgte daríamos continuidade à pernada com luz e mais segurança, embora realmente não faltasse quase nada ate a vila.

Montamos a barraca do jeito q deu naquelas condições, as 19:30, toda torta e com a lona cambaleando pra lá e pra cá. Dane-se, era o q tínhamos à mão. Eu tiritava de frio e não via a hora de me enfiar dentro da tenda, cansado. O irônico era q tínhamos barraca, mas nenhum isolante nem saco-de-dormir. Mal entramos na barraca trocamos a roupa úmida por alguma seca e nos cobrimos com um saco plástico, sobre uma fina esteira q serviu pra não manter contato direto com o chão, úmido e frio. Mas td isso não bastou, pois ainda tremíamos de frio, com cabelo, shorts e meias molhadas! Noutras, aquela la seria uma noite daquelas! La fora caia um dilúvio e as súbitas e fortes rajadas de vento remexiam o arvoredo ao redor lançando literalmente “cachoeiras de respingos” sobre a gente!

Adotamos então a tática “pingüim” (aquela do “chega-mais”) pra nos manter aquecidos, mas ainda assim nossos queixos batiam feito castanholas! Isso pq nem sequer mencionei as goteiras e poças q logo se formaram no interior. Não tardou a dar aquela típica vontade de ir “regar a moita”, mas sair daquela zona de “conforto” na chuva e frio afora tava fora de cogitação.”Puta merda, q perrengue! Já pensou se tivesse vindo mais gente? Será q tds iriam caber na barraca?” pensei comigo mesmo. Dane-se! Quem ta na chuva é pra se molhar! Não comemos nem nada, claro, e nossa única preocupação era buscar dormir e descansar naquelas condições. Ou pelo menos tentar. E assim transcorreu aquela interminável noite, q foi na base de breves cochilos…

Levantamos assim q o dia raiou, por volta das 6:30, e imediatamente desmontamos a barraca por sinal td alagada. Dureza foi trajar novamente a roupa úmida naquela manha fria e cinzenta, onde uma garoa fustigava a mata ao redor. Foi ai q percebi q de fato havíamos saído sim da trilha: numa discreta bifurcação havíamos passado batido, sendo q devíamos ter tomado o ramo da direita, q nos passou desapercebida à noite! Mochila nas costas retomamos a pernada serra acima, as 7hrs, agora através de uma picada q mais parecia um rio, chafurdando o pé inteiro na lama. Cruzamos a primeira torre e num piscar de olhos acabamos desembocando no Mirante do Mogi, menos de 10min de ter começado a andar. Realmente, estávamos bem próximos da vila e uma boa lanterna nos teria poupado de passar aquela “noite de cão”. Vivendo e aprendendo.

No ponto de ônibus trocamos novamente nossa indumentária úmida por outras mais secas e aconchegantes, sob o olhar curioso das demais pessoas q la aguardavam o coletivo provavelmente pra ir votar em suas respectivas zonas eleitorais. Mas a gente nem ai, claro! O bus tardou a sair, mas assim q nos largou em Rio Grande da Serra, la pelas 8:30, o tempo parecia cada vez piorar mais. Frio e chuva tomava conta totalmente daquela região periférica de Sampa. Eu e a Lu estacionamos numa padoca pra tomar um café e mastigar uns salgados, mas eu queria mesmo era uma cerveja. Com receio da “lei seca” típica de eleições, felizmente o dono do bar foi solidário em meu pequeno vicio. “Tem cerveja sim! Se nosso presidente é cachaceiro pq a gente não pode beber, né?”, foi a pérola q ouvi do dito cujo.

Na seqüência tomamos o trem de volta à “paulicéia desvairada”, onde me despedi de minha parceira de aventuras e segui rumo o aconchego de meu lar, onde cheguei morto de cansaço, repleto de espinhos e dores musculares. Nada mal pro q em tese seria apenas mais um simplório bate-volta sabatino na Serra do Mar. Assim a “Ferradura do Mogi” vem a calhar como mais uma ótima opção perrengueira pra um ou dois dias intensos nas proximidades da urbe paulistana. Mas logicamente q é um programa q não é pra qq um, pois requer audácia e planejamento. Pensando dessa forma, os furões de ultima hora da trip acima se livraram de uma roubada e tanto. Um programa de índio pra ninguém botar defeito.

Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html
http://jorgebeer.multiply.com/photos

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Sobre o autor

Jorge Soto é mochileiro, trilheiro e montanhista desde 1993. Natural de Santiago, Chile, reside atualmente em São Paulo. Designer e ilustrador por profissão, ele adora trilhar por lugares inusitados bem próximos da urbe e disponibilizar as informações á comunidade outdoor.

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