Cachu do Caetê e praia dos Góes

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O Rio Caetê é um dos vários cursos dágua q despencam da verdejante muralha da Serra do Mar e rasgam a Área Continental de Santos, justificando seu nome q, em tupi-guarani, significa “mato grande”. Aproveitando uma dica soprada durante a visitação do Rio Cabuçu, localizado paralelamente no mesmos etor, fomos desta vez não apenas conferir este belo ribeirão, como tb nos refrescar numa simpática e pouco conhecida cachoeira. De facílimo acesso e bastante próxima da rod. Rio-Santos, a Cachu Caetê (ou Cachu do Morro, como tb é conhecida) é ótima pedida prum domingo de sol. Programa rápido q pode ser emendado com algum outro roteiro próximo. Q no nosso caso foi a rústica Praia do Góes, no Guarujá.

É bem verdade q já havíamos saido bastante tarde de Sampa mas isso não significava necessariamente q o dia estivesse perdido. O tempo estava relativamente bom na Metrópole mas a coisa mudou assim q nos aproximamos da beirada da serra. Além de perder tempo nos cafundós de São Bernardo pra buscar a Alê e o Sandro, o quarteto da vez (q incluía este q vos escreve e o motorista, o Nando) ainda amargou mais de uma hora de atraso na Rod. Anchieta devido à "Operação Comboio". Esta, por sua vez, ocorre td vez q a visibilidade na descida da serra fica comprometida por espesso nevoeiro, e consiste numa demorada espera pra liberação da via pra então apenas circular em grupos (ou "comboios") de veículos, separados por um consideravel espaço de tempo. E mesmo assim, a descida se deu em velocidade reduzida por conta dos trocentos caminhões q se espremem no "gargalo" da via supracitada. Bem q tentamos fugir p/ Rod. Imigrantes, sem sucesso (o acesso tava fechado). Paciência.

 

Uma vez ao sopé da serra, o veiculo ganhou mais velocidade e assim prosseguimos confiantes q nosso cronograma não estava assim do td comprometido. Portanto é imperativo pra qq programa curto no litoral sair cedo de qq jeito, já prevendo este tipo de imprevistos. Pois bem, o resultado disso td alcançamos a Área Continetal de Santos, entroncamento entre as Rod. Domênico Rangoni (antiga Piaçagüera) e Rod. Rio-Santos, SP-55 (antiga BR-101), a por volta das 11hrs. Após passar pela Fazenda Cabuçu (km 240) é preciso prestar atenção e encostar logo depois, no km 239, num antigo posto de gasolina desativado onde atualmente funciona uma vendinha de artesanato e tapeçarias. Pedimos ao dono onde deixar o veiculo com segurança e ele indicou o lado esquerdo do posto. Pronto.


Começamos a andar pontualmente as 11:30hrs, retrocedendo um pouco mais de 600m pelo asfalto até a altura duma curva marcada laconicamente por uma placa com os dizeres "Use o cinto de segurança", a esquerda. Observando atentamente a direita, é nitidamente percebida uma picada adentrando o capinzal, pela qual nos pirulitamos sentido norte. Este trecho é aberto e permite avistar a cumieira da imponente Serra do Mar td encoberta por brumas densas. Diferentemente do previsto, o tempo está agradavelmente fresco e o firmameneto, envolto por uma nebulosidade clara típica de chegada de frente fria.


A caminhada prossegue tranqüila e mantem sempre um mesmo compasso, já q a trilha é bem batida e inconfundível. O pouco lixo encontrado no caminho, principalmetne papel de bala e embalagem de pacotes de bolachas, encarregam-se de corroborar estarmos no rumo certo. A medida q adentramos sentido serra a mata cresce a nossa volta: onipresentes lírios-do-brejo ornam a margem da vereda assim como alguns exemplares menores de arvores robustas. Há apenas um hiato deste trecho farto de vegetação qdo cruzamos por baixo da linha de transmissão de energia que vem de Itatinga, mas logo mergulhamos novamente na mata fechada pra então não sair mais dela.


Sempre rumo norte e indo de encontro ao sopé da Serra do Mar, a vereda não mostra desnível nenhum e o caminhar é tão facil qto prazeroso. Alguns correguinhos são cruzados e não tarda pra dar de cara com o raso Rio Caetê, q aqui marulha rasa e mansamente sentido litoral, e acompanhamos primeiro pela esquerda e depois pela direita. Não tem erro, é facil demais. Qdo finalmente o som silencioso da mata é substituído pelo rugido baixinho de água despencando é temos a verdadeira noção de estar já próximo do nosso destino.


Dito e feito, após menos de uma hora de pernada (e menos de 4km percorridos) desembocamos numa clareira situada as margens do enorme e cristalino poção ao sopé da Cachu Caetê. É apenas 12:30hrs e é facil constatar q a queda não prima pela altura, bem modesta por sinal, e sim pela beleza do contexto em q esta situada. Cercada de verdejante e rica vegetação, a queda nada mais é q uma enorme laje de pedra semi inclinada, bem parecida com a Cachu do Escorrega (de Maromba, RJ), por onde a água se derrama num convidativo e bucólico piscinão. Devido a forte onda de calor e recente estiagem na regiao sudeste, o volume de agua despencando da cachu era bem reduzido mas pressumo q em dias de chuva a visão deva ser fantástica. Há varias clareiras em volta da cachu (relativametne sujas, infelizmente) e foi na principal q jogamos as mochilas afim de descanso e lanche.


O mergulho no poção foi tão refrescante qto merecido, tanto q a Alê e Sandro tentaram inclusive escorregar do alto da cachu, sem sucesso. Havia pouca água realmente e a pedra não estava devidamente "lubrificada" pra brincadeiras mais "ousadas". Ainda assim, isso não diminuiu o divertimento geral, q foi de meras braçadas no piscinão, tchibuns de pedras afloradas nas partes mais fundas, como de uma bem-vinda massagem nas costas proporcionada por uma quedinha mais verticalizada. E assim permanecemos de boa por quase uma hora, curtindo aquele belo e bucólico remanso quase as margens da rodovia.


Revigorados e bem-dispostos, as 13:20hrs retomamos a pernada desta vez seguindo rio acima. Duma das clareiras a picada tinha sua continuidade morro acima, acompanhando visivelmente o curso do rio, pela encosta direita. Entretanto, a continuidade da mesma não é assim tão evidente assim e é preciso ter algum faro pra reencontrar a maledita e não andar a esmo pela mata. A gente errou varias vezes e teve em mais de uma ocasião retornar pra encontrar o caminho correto. Bem, resumidamente, a trilha sobe bem forte até ganhar uma crista suave ascendente, de onde se tem acesso a parte alta da cachu. Antes, porém, pode-se apreciar as íngremes e largas lajotas por onde despenca a água, estas desaconselháveis pra diversão, claro. E, mais acima, o topo de fato onde o rio amansa novamente pra so retomar seu trecho acidentado bem mais acima.


Pois bem, é preciso salientar tb q logo acima da cachu principal o rio aparentemente se divide em dois e a caminhada se dá pela crista ascendente q os divide, portanto haverá sempre água audível sempre de ambos lados. Mas acredito q mais acima os rios se juntem novamente, uma vez q nossa investida rio acima foi tão breve qto pouco exploratoria, por estarmos pouco preparados pra maiores travessuras. Alem disso, a picada "oficial" aparentemente terminava numa pequena casa isolada num cocoruto serrano, uma espécie de rancho onde havia gente mal-encarada. Isso foi o q eu e o Sandro percebemos numa rápida subida pela dita vereda, q acompanha o leito pedregoso de uma das vertentes do Caetê, enqto Nando e Alê descansavam a nossa espera. Se eram bandidos, palmiteiros ou caçadores não sei, mas o jeitão carrancudo dos mesmos fez imediatamente dar meia-volta e retornar. Fica então o aviso deste casebre escondido no meio do mato (e relativamente perto da cachu) q pode não gostar de forasteiros.
Retornamos então satisfeitos pelo mesmo caminho da ida, cientes do dever cumprido e de mais uma cachu,  tão deliciosa como simpática, desfrutada. As 15hrs já estavamos novamente no carro e, com tempo de sobra naquela tarde, Nando sugeriu estacionar na Praia do Góes (Guarujá), dica da qual ninguém reclamou. E assim, após a ponte Edgard Perdigão, deixamos o continente pra rodar agora no Guarujá, nome chique q recebe a Ilha de Sto Amaro, onde paramos pra abastecer num supermercado. Na sequencia fomos pro Bairro de Sta Cruz dos Navegantes, situado no extremo oeste da ilha. Por sua vez, a Estrada Sta Cruz dos Navegantes é mto bonita e corre sinuosa por entre os morros e a orla.


Uma vez no bairro-vila Sta Cruz dos Navegantes, alem de nos informar do acesso as ilhas mandamos ver uns deliciosos salgados caseiros como tb umas doses de conhaque com limão e mel. Bem, não sei se foi impressão, mas tds (com exceção do Nando) achamos aquele bairro ou vila meio barra-pesada, com gente não apenas olhando torto pra nós como tb encarando a placa do nosso veiculo constantemente. "Meu, ce não viu aquele corintiano q passou mais de uma vez pela gente?" , frisou o Sandro, preocupado. Vielas estreitas, nenhuma verticalidade e população predominatemente jovem (e "mana") são uma constante.


Imediatamente fomos pro local indicado como inicio da trilha pras praias, no caso, a entrada do supracitado bairro, marcado por uns quiosques pequenos e uma imagem q pensei ser a padroeira local, mas logo revelou ser Nssa Sra Aparecida. Pois bem, a trilha nasce do lado do tal quiosque, acompanhando um enorme muro cinza, serpenteia enormes rochedos e num piscar de olhos cai no costão á margem da orla. Ali é possível avistar uma extremidade do Fortaleza de Sto Amaro de Barra Grande, mas nossa rota segue pra esquerda, ladeando o costão rochoso ora atraves de trilha sussa, trechos cimentados ou atraves das pedras mesmo. Pena constatar queimadas e algum lixo nos morros de capim q bordejam este trecho da orla rumo as praias daqui.


Num piscar de olhos caímos na bonita Praia do Góes, as 16:30hrs, uma antiga colônia de pescadores com apenas 200m de faixa de areia abraçando águas mansas e calmas, espremida entre dois belos morros. O movimento ali era quase nulo, o q se refletia basicamente nos poucos estabelecimentos ali existentes, tds fechados: uma igreja evangélica, duas pousadas, três bares e uma casa particular (acho). Claro q estacionamos no simpático píer de madeira, q adentra no mar alguns metros e la nos prostamos pra relaxar, tomar umas brejas compradas no mercado e simplesmente apreciar a paisagem. Aliás, a panorâmica de td praia urbana de Santos aqui é tão privilegiada qto bonita, mesmo naquele dia relativametne acizentado. E emoldurado por este maravilhoso cenário tds entraram no mar, menos eu. Quem me conhece sabe bem q sou avesso a água salgada. Nos informamos do acesso a praia sgte , a do Saco do Major, e desistimos de visita-la não somente pela distancia como pelo tempo escasso naquele fim de tarde. Q seja, fica a deixa pruma próxima visitação.


Ao escurecer os borrachudos endoideceram e fomos tomar umas brejas no único boteco (o "Bar do Meio") q se encotrava aberto, na vã tentativa de anestesiar o corpo contra os maleditos sanguessugas, uma vez q repelente aqui parece ter o mesmo efeito q alho contra lobisomem. Entornamos umas e outras enqto as luzes de Santos se encarregavam de encantar maravilhosamente aquele cenário noturno, onde os últimos pescadores retornavam da labuta e uma pequena barca trazia alguns moradores menos dispostos a caminhar pela orla costeira. Deixamos aquele belo lugar qdo fomos enxotados pelo dono do bar, la pelas 19hrs, ate pq éramos os únicos forasteiros ali. Tropegamente voltamos pela trilha bordejando o costão rochoso, e tomamos a estrada pra retornar cansativamente os quase 80km q nos separavam da Terra da Garoa.
 
E assim foi nossa breve, porém variada aventurinha litorânea, alternando cachu e praia. No q diz respeito ao Rio Caetê, fica já a dica de dois roteiros bem diferentes: uma breve e sussa travessia rumo o Caruara, bairro próximo dali; e a subida propriamente do ribeirão serra acima, programa árduo com clara necessidade de pernoite selvagem no mato. Já referente a Praia do Góes fica a deixa de prosseguir a pernada bordejando a orla sentido o Saco do Major, ou até as praias sgtes. Sim, é verdade q não é nenhuma Joatinga ou Saco das Bananas, mas esta sequencia de praias rústicas não deixam por menos no quesito charme e beleza. Á sua maneira, claro. Dessa forma, é possível ainda sim descortinar novos e incontaveis programas nestes dois tradicionais e elegantes redutos de veraneio, Santos e Guarujá. Roteiros naturebas, claro, diferenciados e próximos de duas das maiores metrópoles da America Latina.
 
 
 
Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html
http://jorgebeer.multiply.com/photos

 

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Sobre o autor

Jorge Soto é mochileiro, trilheiro e montanhista desde 1993. Natural de Santiago, Chile, reside atualmente em São Paulo. Designer e ilustrador por profissão, ele adora trilhar por lugares inusitados bem próximos da urbe e disponibilizar as informações á comunidade outdoor.

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