Família de escaladores pela América do Sul, Parte 6

0

Dia 28/12 acordamos tarde tomamos um café da manhã que beirava a hora do almoço, saímos do Hotel fomos passear pela cidade. Quando chegamos a Calama pela primeira vez, vimos um Parque Público muito legal mas que, por ser noite, já estava fechado, mas hoje era o dia. Os brinquedos eram temáticos e muito interessantes, um foguete com uma escada para subir e um escorrega para descer, um vulcão com agarras para subir e uma plataforma para descer, um daqueles labirintos gigantes que faz qualquer adulto sentir vontade de ser criança nos dias de hoje, e até uns brinquedos musicais. Depois do Luca subir, descer, escorregar e fazer música das mais variadas formas, ainda haviam uns quadriciclos que a gente podia alugar para a criança andar por uma pista, ainda dentro do Parque e o Luca logo arrumou um amigo com quem apostou algumas corridas.

 
Saindo do parque já estava na hora do almoço, passamos por uma praça central com uma escultura típica no meio, lhamas no meio de montanhas com direito a um pequeno rio cruzando tudo isso e o sol de fundo. Como as crianças estavam subindo e andando pela escultura o Luca não fez diferente. Ainda na praça encontramos uma lanchonete bem legal estilo rock`n roll anos 60, eu já estava começando a gostar da "estranha" culinária e pedi um sanduíche com palta (um abacate bem pequeno que eles amassam e colocam em cima da carne de seu sanduíche), os sanduíches eram ótimos e os preços também. 
 
Era hora de pegar o carro e seguir viagem, chegando ao estacionamento ouvimos o engraçado refrão: "BRASIL!!!" do Argentino. Trocamos as bagagens das malas novamente, ajeitamos tudo no carro, a estrada seria longa, mas bonita… máquina a postos saímos rumo a La Serena, nossa próxima parada. 
As montanhas agora pareciam dunas, a paisagem não mudava muito, mas no meio do caminho uma placa convidava para uma visita a uma escultura chamada MANO DEL DESIERTO, e fomos conferir de perto a escultura gigante que dispensa apresentações. Depois disso a mudança na paisagem ficou mais por conta do pôr do sol. 
 
Chegamos a Chañaral tarde para não variar, procuramos por um hotel e descobrimos que lá as coisas eram mais parecidas com Calama do que gostaríamos, hotéis bem mais simples e mais caros também, a impressão era de que quanto mais descíamos pior seriam as instalações. Acabamos ficando com o melhor custo benefício que encontramos e pedimos indicação de algum lugar para comer qualquer coisa. A informação era a de que nossa única esperança era o restaurante de um posto de combustível que ficava na estrada, mas perto do hotel. Por sorte o restaurante estava aberto e a comida era boa e barata. 
Voltando para o hotel era hora de banho e adivinha… em um pequeno box que mal cabia uma pessoa sozinha, o chuveiro molhava tudo, menos nossa cabeça e corpo, um banho ruim mas uma boa cama, dormimos bem.
 
 
Acordamos no dia 29 e fomos tomar café da manhã… acostumados a tomar bons café da manhã nos hotéis, estranhamos quando chegou apenas um croissant adocicado e um chá preto, mal tinha comida para uma pessoa e isso acabou apressando ainda mais a nossa saída dali. Antes de tocar viagem passamos em um mercado local para comprar comida e paramos na praia da cidade na esperança de ver os lobos marinhos, mas estávamos no lugar errado. Ainda assim foi bem legal, principalmente para o Luca, com a cansativa viagem, este foi mais um dia marcado como dia de "folga". 
 
Passeamos pela areia da praia onde pudemos ver muitas águas vivas gigantes e gaivotas e, em um momento de foto a máquina caiu na areia com a lente aberta (que merda), mas a máquina continuava funcionando, com um pequeno problema para fechar a lente e um ou outro grão de areia aparecendo nas fotos, mas continuava funcionando. No meio da praia tinha um mirante e quando subimos para apreciar a paisagem, vimos também um parque infantil para a alegria do Luca, mas esta era apenas uma das surpresas conferidas a ele neste dia. 
 
Depois deste parque andamos um pouco por um calçadão onde encontramos outro parque e, mais a frente, uma piscina pública com água natural, estava até ventando, mas diante de uma viagem desta eu não podia negar ao Luca a chance de se divertir de verdade, ele estava se comportando muito bem, inclusive nas horas e quilômetros rodados, muitas vezes por mais de 7 horas dentro do carro.
 
Ainda de manhã saímos da piscina e fomos abastecer o carro. No posto compramos um Guia da COPEC, indicado por nosso amigo Carlos, e de acordo com as informações, começamos a discutir o percurso e nos deparamos com a seguinte dúvida, conhecer o Parque Nacional Pan de Azúcar (MUITO recomendado por meu amigo Pedro Hauck e pelo próprio Guia) ou seguir viagem e ter uns dias a mais de escalada. Á partir daí o guia foi bastante útil por todo o Chile, nos orientando sobre as melhores rotas de acordo com nossos objetivos. Com muita dor no coração decidimos escalar e seguimos pela costa, conhecendo as praias Chilenas. 
 
Me lembrei muito do Tim Maia e fiquei impressionada com o “azul da cor do mar”, quando eu ouvia a música ficava imaginando o porque do azul se, para mim, o mar era verde… agora eu sei. O tom turquesa faz o mar parecer uma jóia gigante, imagino que seja para seduzir os banhistas para suas águas geladas. 
Paramos para almoçar em um restaurante na beira da Praia do Flamenco e comemos com vista para os poucos e tímidos banhistas Chilenos que se divertiam com bóias gigantes feitas de câmera de pneu de caminhão, mais fora da água do que dentro dela. Nossa viagem continuava e logo chegamos ao Zoológico de Piedras. Um lugar MUITO interessante, o setor é legal, tem muitos blocos, alguns com curiosas formações que lembram animais o que dá nome ao local. 
 
Os blocos que se parecem com os animais são identificados com uma plaquinha e não se pode escalar, mas tem muitos outros blocos e apesar de ter muita coisa quebradiça, procurando um pouco dá para encontrar alguns boulders, ainda bem que estava nublado, não tinha nenhuma chance de sombras onde escalamos. 
 
Saímos já no final do dia e chegando em Caldera paramos para jantar (mais uma vez comida boa, achei que iria ter problemas com a comida em algum momento da viagem, mas a esta altura já estava convencida de que isso não iria acontecer) e tocamos mais um pouco até Copiapó. Logo na entrada da cidade encontramos um Hotel, já era tarde e paramos para conferir valores e instalações, era caro e tinha uma boa estrutura, como esperávamos encontrar algo com um custo x benefício melhor fomos procurar outras alternativas, mas depois de rodar um pouco ficou claro que aquele era a melhor opção. Voltamos e dormimos por lá mesmo.
 
Dia 30/12, hoje os planos eram chegar em La Serena, a estrada agora saia da costa e seguia por um lugar árido onde apareciam espirais de areia que saiam do chão e subiam grandes alturas, até agora não sei que nome se dá a estas “coisas”. Mais a frente encontramos campos eólicos e de mineração, a atividade mineradora nesta região é muito forte, isso fica claro para qualquer um.
 
Pelo meio do caminho o Léo ia lendo o Guia e fiquei particularmente interessada em conhecer Punta Choros, local onde se podia ver pinguins, lobos marinhos, leões marinhos e golfinhos. Teríamos que sair da estrada e seguir para a costa e estávamos ficando sem combustível, começamos procurar os “postos de gasolina” para abastecer e chegando na estrada em que tínhamos que entrar ainda não havíamos encontrado nenhum posto. Precisávamos decidir se arriscaríamos ou não ir até Punta Choros e eu decidi conferir a fauna local meio a contra gosto do Léo. 
 
Na entrada da estrada para Punta Choros vi uma nuvem muito densa e branca que parecia cobrir algumas montanhas de fundo como uma coberta cobre uma pessoa em dias muito frios. Logo na primeira casa que encontramos na estrada paramos para perguntar se havia algum posto de combustível por perto e um homem tipo caipira local nos disse que alguns poucos quilômetros á frente havia um “lugar” que vendia gasolina. Quando chegamos ao lugar indicado, nossas suspeitas se confirmaram, ERA uma casa e estava fechada, o cara que vendia não estava. Só nos restava torcer para a gasolina não acabar. 
 
Chegando a Punta Choros estávamos novamente na costa, paramos e eu achei que íamos passear pela praia e ver alguns pingüins a distância, mas chegando lá descobrimos que para ver os animais era necessário ir até uma ilha em um tour em um barco, e que estes só saem até as 3h da tarde, já eram 5h. Ainda queríamos chegar em La Serena, mas eu também queria muito ver os pingüins, fomos fazer um tour por Punta Choros e conhecemos uns campings muito legais e muito melhor estruturados que os campings que eu conhecia até agora. 
 
Enquanto visitávamos os campings tentávamos tomar uma das decisões mais difíceis da viagem… ficar ou partir. A cada dia gasto com passeios, seria um dia a menos de escalada ou um dia mais longe do sul ou, ainda, menos quilômetros percorridos por dia agora, ou seja, mais quilômetros e mais tempo dentro do carro depois… enfim, decidimos ficar. 
 
O camping La Torre era muito legal, apesar de não ter banho quente. À beira mar haviam pequenos blocos em toda sua costa, onde o Luca entrou em uns boulders e mandou tudo apesar do frio que gelava as mãos. Muitas gaivotas para todos os lados, era a primeira vez que as via tão de perto e o chão também estava forrado de conchas gigantes, entre outros restos e fiquei pensando como é que todas aquelas coisas gigantes tinham ido parar ali. Montamos acampamento em uma área protegida de dois lados e em cima por uma tela, o que nos abrigou do vento. 
 
Mais tarde, depois de curtir um pouco o camping, saímos para jantar e acabei descobrindo como todas aquelas carcaças gigantes foram parar ali através de uma placa que dizia: “Via de evacuação de Tsunami”, agora estava claro. Jantamos um delicioso salmão no restaurante Los Delfines e, como não dava para ser diferente, além da boa comida a vista era linda. Depois da janta compramos um lanche para o dia seguinte em um mercadinho abaixo do restaurante, voltamos para o camping e fomos dormir.
 
Compartilhar

Sobre o autor

Deixe seu comentário