Ao rolar os dados, finalmente o Tromba!

0

Na região norte de Santa Catarina há cinco montanhas muito populares e bastante exploradas por montanhistas e aventureiros casuais, são elas: Castelo dos Bugres, Morro do Pelado,Monte Crista, Pico Jurapê e Morro da Tromba.

 

Já havia subido quatro destas e há tempos almejava conhecer o Morro da Tromba, mas, por alguma razão inconsciente, subestimava estamontanha. Todas as vezes que me programei para subi-la, a vida rolava seus dados e, pordiferentes razões acabava protelando a empreitada. Neste último sábado (01/08) o objetivo era outro, mas, ao virar o caneco a sorte finalmente apontou para lá…Fiquei sem ir para montanhas durante um mês e meio por conta de uma costela trincada e, neste período, o mais próximo que eu podia chegar de esportes era através de jogos de tabuleiro. Meu “alvará de liberdade” veio justamente em um fim de semana de lua cheia com previsão de céu azul, ou seja, receita perfeita para voltar em grande estilo: vamos acampar na Pedra Branca de Araraquara!

A sorte foi lançada e os dados insistiam em não cair numa sequência boa, sempre algum detalhe dava errado. Perdemos? Quase! A ideia inicial foi cancelada e, em cima da hora, surgiu o plano B… Assim, as 07:30 da manhã de sábado eu saia de casa, em Blumenau, pra buscar o restante da equipe da Terra Média Trekking – Lucas e Fabricio – e tomar rumo em direção ao Tromba, finalmente! Na entrada da Estrada Dona Francisca, nos justamos com a Railene e o Rodrigo (e sua recém-comprada bota que permite caminhar sobre a água e escalar paredes derocha só com a aderência – piada interna) e as 09:25 horas iniciamos a subida.

A título de curiosidade, conforme descrito pelo Reginaldo Carvalho neste artigo aqui no AltaMontanha, a primeira ascensão do Tromba ocorreu em 08 de março de 1852, quando o imigrante francês Louis Leonce Aubé  pisou no cume da montanha tendo por objetivo visualizar as terras herdadas pela Princesa Dona Francisca Carolina (a quarta filha do imperador Dom Pedro I) e pelo Príncipe francês François Ferdinand. Em uma carta endereçada ao príncipe e intendentes do Rio de Janeiro, Aubé relata pormenores da aventura, destacando que a árdua subida que foi recompensada pela maravilhosa vista que se tem do topo. E cá entre nós, Aubé tinha razão quando fala em “árdua subida”. Ainda que hoje a trilha esteja muito aberta e bem marcada, sendo incomparável com uma caminhada em mato fechado há 150 anos, a montanha tem trechos de ascensão que dão um calor nos músculos das pernas.

Em 30 minutos de caminhada chegamos ao primeiro ponto de captação de água, o que, em termos de distância, representa pouco menos que a metade da trilha. Contudo, logo emseguida o trajeto torna-se mais íngreme, com alguns trechos onde a inclinação chega a 60 –70%, o que diminui drasticamente o ritmo de caminhada. Pra quem se sentir inseguro, emcertas partes existem cordas para auxiliar na subida.

Atingimos o cume as 12:32 horas e confesso que me desapontei um pouco com o visual. Não propriamente com a paisagem ao redor, a vista que se tem da Baía da Babitonga é incrível, mas com a quantidade de lixo deixada ali. Triste realidade nas montanhas brasileiras. Pra quem almeja acampar, lá em cima há algumas áreas planas aptas para tal, embora eu acredito que neste fim de semana em específico tenha faltado lugar. Ao longo da subida passamos por uns 4 grupos variando de 3 a 8 integrantes cada e todos com o objetivo de pernoitar no Tromba. Acrescento também que cerca de 5 minutos antes de alcançar o cume cruza-se uma bifurcação onde o caminho para a direita dá em uma bica d’água.

Almoçamos e ficamos ali em cima durante uns 40 minutos antes de regressar. Com as sacolas que tínhamos aproveitamos para recolher um pouco do lixo ali largado e, dentre os objetos recolhidos havia até mesmo uma garrafa térmica…

Não marquei quanto tempo levamos para descer, mas, já de volta a civilização, paramos em um posto de combustíveis para brindar com o tradicional e costumeiro choco-leite pós-montanha – desta vez com um gosto especial por finalmente ter dado sorte e “feito um general” com os cinco principais cumes da região de Joinville. Porque no montanhismo oplanejamento é fundamental, mas uma pitada de sorte é sempre bem-vinda…

Compartilhar

Deixe seu comentário